O Dia 21 de março foi sancionado pelo Governo Federal como o Dia Nacional das Tradições das Raízes Africanas e Nações do Candomblé. Na cidade de João Pessoa, esta data será marcada por uma mobilização de cobrança pela restauração da Estátua de Iemanjá, decapitada há oito anos, na praça em sua homenagem, no final da Avenida Cabo Branco.
O ato está previsto para acontecer na Praça dos 3 Poderes, no centro de João Pessoa e inicia às 9h, desta terça-feira(21). A mobilização é coordenada pelo movimento de mulheres de terreiro, que desta vez conta com a parceira do Movimento de Mulheres Negras – MMN/PB.
A manifestação conclama a população pra ir vestida de branco e durante o evento, o movimento de mulheres entrega um dossiê na Câmara Municipal de João Pessoa(CMJP) e na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), contendo toda a trajetória de luta nestes últimos oito anos, pela restauração da estátua de Iemanjá, contendo as promessas do poder público, mas que até o momento não foram efetivadas.
De acordo com Mãe Dulce, mulher de terreiro, a manifestação é um grito da população contra o racismo religioso. “É um grito sobre o silenciamento dos nossos governantes em relação à destruição de um patrimônio cultural afrodescendente que não foi e não é respeitado por eles” desabafa.
Tânia Correia, por sua vez, também é mulher de terreiro e não esconde o constrangimento. ” O 21, dia internacional pela eliminação da Discriminação racial, é mais uma data de reflexão acerca das diversas formas de discriminação e preconceito. Para nós, povo de Religião de Matriz Africana, é dia de produzir falas e ações de combate à intolerância religiosa e o Racismo Religioso. Estamos presenciando, diariamente, em nosso Estado, um dos mais preconceituosos do país, e no Brasil, atos de vandalismo aos nossos templos religiosos, como também agressões físicas e orais contra a nossa crença”, denunciou.
Ela considera de grande importância a parceria firmada com o MMN/PB, pois acredita que as parcerias são sempre bem vindas por significarem unidade e força na luta. “Principalmente quando são mulheres com trajetória de lutas na sociedade. Estarmos juntas, significa que somos mais mulheres com vozes e ações lutando contra uma sociedade que exclui e agride as mulheres” ressalta a ativista.
Com relação a Lei 14.519/2023, que institui o dia 21 de março como o Dia Nacional das Traições das Raizes de Matrizes Africanas e Nações do Candoblé, Tania observa que não vai acabar com a intolerância religiosa, mas vai respaldar as ações, trazendo mais segurança e caminhos jurídicos para enfrentar os tradicionais empecílios.
A psicóloga e ativista Hildevânia Macedo, destaca a parceria do movimento de mulheres negras na luta pela restauração da estátua de Iemanjá e contra o racismo religioso. “Nós nos juntamos com as mulheres de terreiro para ecoarmos o nosso grito de reparação da Estátua aos poderes publicos. Também neste 21 de março, pautarmos o debate do racismo religioso e a reflexão do porquê a imagem de Iemanjá degolada não gera comoção? Ela ressalta a indiferença da Prefeitura de João Pessoa com a imagem de Iemanjá. ” Um dos maiores símbolos da religião de matriz africana, degolada há 8 anos, mesmo com os apelos da população para sua restauração”, concluiu.
Da Redação